domingo, 29 de abril de 2007
Urbano-românticos
Nem a cidade dura
a paisagem bruta
os mendigos ou os excrementos que povoam as calçadas
infinitas e eternamente embrumadas
de forte e vil cheiro de mijo, de nojo
Nada disso afasta a débil esperança
dos corações urbano-românticos.
Esses, céleres, perambulam
voam desesperados, desasados
passarinhos perdidos que habitam fendas do concreto
e nunca dão ninho seguro ao coração
Por quantas noites e por quantas camas vãs
precisam ainda passar estas almas irmãs?
na procura cega de um amor Homérico
que se furta aos trêmulos lábios do hoje
e nos espera fiando aquela velha roca do amanhã.
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